Angico: uma das plantas medicinais mais completas da flora do Brasil
O angico (Anadenanthera colubrina), também conhecido como angico-vermelho, angico-branco, angico-do-campo ou paricá, é uma árvore nativa do Brasil amplamente utilizada na medicina popular por suas propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias, antissépticas, expectorantes e adstringentes. Suas cascas, folhas, frutos e sementes são tradicionalmente aproveitados no preparo de chás, xaropes e infusões que auxiliam em diversos tratamentos naturais.
Rico em taninos, saponinas, flavonoides e alcaloides, o angico é considerado um verdadeiro antibiótico natural, utilizado principalmente para tratar problemas respiratórios, inflamações na garganta, feridas e infecções de pele. Além disso, possui propriedades que fortalecem o sistema imunológico e ajudam na cicatrização de tecidos.
Características da planta
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Nome científico: Anadenanthera colubrina
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Família: Fabaceae
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Nomes populares: angico, angico-vermelho, angico-branco, angico-do-campo, paricá
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Origem: Brasil, América do Sul tropical e subtropical
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Partes utilizadas: cascas, folhas, frutos e sementes
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Compostos ativos: taninos, saponinas, flavonoides, alcaloides e óleos essenciais
As cascas do angico são a parte mais utilizada, sendo ricas em taninos responsáveis por suas ações adstringentes e cicatrizantes, muito eficazes em inflamações de mucosas e feridas.
Benefícios e indicações tradicionais
O angico é uma das plantas mais versáteis da fitoterapia brasileira e apresenta uma ampla gama de benefícios.
Saúde respiratória: o chá ou xarope de angico é usado para tratar tosse, bronquite, asma, rouquidão e dor de garganta, agindo como expectorante e anti-inflamatório das vias aéreas. Ajuda a eliminar o muco, acalmar a irritação da garganta e facilitar a respiração.
Cicatrização e saúde da pele: devido à sua alta concentração de taninos e flavonoides, o angico tem ação adstringente e cicatrizante, sendo utilizado no tratamento de feridas, queimaduras leves, picadas de insetos, infecções cutâneas e aftas. Pode ser aplicado em forma de compressas, gargarejos ou pomadas naturais.
Ação anti-inflamatória e antisséptica: auxilia na redução de inflamações internas e externas, combatendo infecções bacterianas e fúngicas. É tradicionalmente utilizado em gargarejos para dor de garganta e inflamações na boca.
Saúde intestinal e digestiva: o chá da casca, em doses moderadas, pode ajudar a controlar diarreias leves e inflamações intestinais, graças à sua ação adstringente e antisséptica.
Fortalecimento imunológico: o uso regular do chá ou xarope de angico pode contribuir para aumentar a resistência do organismo, prevenindo infecções respiratórias e fortalecendo o sistema imunológico.
Como usar
As partes mais utilizadas do angico são a casca e as folhas, que podem ser preparadas em forma de chá, xarope, infusão ou compressa.
Chá de angico (uso interno)
Indicado para tosse, dor de garganta, bronquite e inflamações respiratórias.
Ingredientes:
1 colher (sopa) de casca de angico picada
1 litro de água
Modo de preparo:
Leve as cascas ao fogo junto com a água e ferva por 10 minutos. Deixe repousar por mais 10 minutos, coe e beba morno. A dose recomendada é de 1 xícara, 2 a 3 vezes ao dia.
Gargarejo com chá de angico (uso tópico)
É uma das formas mais tradicionais de utilizar a planta para aliviar amigdalite, aftas e inflamações na boca.
Use o mesmo chá, em temperatura morna, para fazer gargarejos 2 a 3 vezes ao dia, sem engolir o líquido.
Xarope de angico
O xarope é indicado para tosse, bronquite e gripes.
Ingredientes:
3 colheres (sopa) de casca de angico
500 ml de água
2 colheres (sopa) de mel
Modo de preparo:
Ferva a casca em 500 ml de água por 10 minutos, coe, deixe amornar e misture o mel. Conserve em recipiente de vidro escuro e tome 1 colher (sopa) de 8 em 8 horas.
Compressa de angico
Para feridas, inflamações e irritações na pele, o chá morno pode ser aplicado com um pano limpo ou gaze sobre a área afetada, duas vezes ao dia.
Possíveis efeitos colaterais
O uso do angico deve ser feito com moderação, pois o excesso de taninos pode causar irritação gástrica, náuseas e diarreia. Em uso tópico, pode provocar ressecamento da pele se aplicado em excesso.
Quem não deve usar
Gestantes, lactantes e crianças pequenas devem evitar o uso. Pessoas com problemas gástricos, como úlceras ou gastrite, devem utilizar com cautela. O consumo prolongado não é recomendado sem acompanhamento médico ou fitoterápico.
Dicas de uso seguro
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Prefira sempre cascas e folhas de procedência confiável.
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Não utilize por mais de 10 dias consecutivos sem orientação profissional.
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Evite combinar o angico com outros medicamentos anti-inflamatórios sem supervisão médica.
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Em casos de irritação, interrompa o uso imediatamente.
Curiosidades
O angico é uma das árvores mais simbólicas do Cerrado e da Caatinga, sendo muito valorizada não apenas por suas propriedades medicinais, mas também por sua madeira resistente e durável, usada na construção e na fabricação de móveis. Seu nome deriva do tupi angicoa, que significa “árvore de casca amarga”, referência direta ao sabor característico de sua casca medicinal.
Conclusão
O angico (Anadenanthera colubrina) é uma planta de grande valor terapêutico, utilizada há séculos na medicina tradicional brasileira para tratar problemas respiratórios, inflamações e feridas. Seu uso consciente pode trazer diversos benefícios à saúde, fortalecendo o organismo e auxiliando na recuperação natural. Contudo, como toda planta medicinal, deve ser utilizado com orientação e moderação, garantindo segurança e eficácia no tratamento.


